Mais de 20 empreendimentos locais fazem parte do cenário da Vila Belga

Eduarda Paz

Mais de 20 empreendimentos locais fazem parte do cenário da Vila Belga

Eduardo Ramos

Fotos: Eduardo Ramos

A arquitetura e as cores chamam a atenção de quem percorre as quatro ruas da famosa Vila Belga. O patrimônio histórico de Santa Maria, completou 116 anos, em 13 de abril. O conjunto habitacional, criado em 1907, foi o lar de ferroviários da companhia belga Compagnie Auxiliaire des Chamins de Fer au Brésil. Hoje, além de ser a casa dos descendentes desses funcionários, as construções históricas abrigam empreendimentos, como lojas de artesanatos, de azulejo, galeria de arte, brechó e antiquários. O comércio do espaço faz muito sucesso nos domingos de Brique da Vila Belga, que faz parte da agenda cultural da cidade. Outro projeto que estimula o desenvolvimento da economia local é o Distrito Criativo, lançado pela prefeitura, com o objetivo de revitalizar o Centro Histórico da cidade, que abrange a Avenida Rio Branco, a Gare e a Vila Belga. 

Cada vez mais, os santa-marienses, turistas e admiradores das casas belgas, percorrem as ruas Manoel Ribas, Ernesto Beck, Dr. Wauthier e André Marques, para conhecer a história do local, valorizar a memória da cidade e conhecer os velhos e os novos empreendimentos comerciais. Com a revitalização em andamento, o objetivo é que, cada vez mais, os prédios e as casas do conjunto histórico, sejam ocupados, para gerar um maior movimento na economia local.

O complexo arquitetônico é composto por 84 residências geminadas (duas casas unidas pela mesma parede). As edificações possuem paredes externas em alvenaria de tijolos e divisões internas em madeira. As aberturas são amplas, assim como os cômodos

Em 1988, o conjunto habitacional foi tombado pelo município como Patrimônio Histórico e Cultural e, em 2020, recebeu tombamento estadual por meio do Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do Estado (Iphae)

Desde 2015, o Brique da Vila Belga ocorre, pelo menos, em dois domingos de cada mês. Os expositores ocupam as ruas coloridas do patrimônio histórico, com artesanato, gastronomia, arte, venda de roupas, livros, discos e até mesmo de objetos antigos. A feira começou por iniciativa dos moradores, e reúne comerciantes e artistas locais

Economia criativa

Nesta quinta-feira (20), começou a segunda edição do Conecta Distrito, que tem como intuito movimentar iniciativas comerciais, promover discussões e aprimorar à economia criativa. Além de apresentar um novo espaço para o Distrito Criativo Centro-Gare. Para o vice-prefeito, Rodrigo Decimo (União Brasil), a segunda edição do evento vem para reforçar o projeto.

–  Ele é um evento localizado, com efeito pontual, mas a partir de iniciativas como essa, o movimento na Vila Belga e com a abertura do Mercado da Vila Belga, tenhamos a movimentação que incentive as atividades comerciais e de prestação de serviços ali e nos arredores. A intenção é de que o Conecta Distrito seja um potencializador dessas iniciativas. Foi pensando nos comerciantes locais. Mas, em alcançar também os empreendedores criativos da região e da cidade como um todo.  

Segundo uma pesquisa realizada por alunos de Arquitetura e Urbanismo e Psicologia da Universidade Franciscana (UFN), a partir de questionário e de uma pesquisa de campo na Vila Belga, o grupo identificou questões importantes relacionadas à segurança, melhorias, conhecimento das pessoas com o local e mobilidade urbana. Vale ressaltar que, o questionário foi aplicado durante uma edição do Brique da Vila Belga. 

Conforme a pesquisa de campo realizada na Vila Belga, foi possível observar que as pessoas apresentam percepções muito diferentes sobre a segurança do local, onde 40% dos entrevistados consideram boa, 30% consideram média, 17% consideram ruim e 13% não souberam responder

De acordo com as entrevistas, 46% das pessoas opinaram que a infraestrutura do local é o que precisa ser melhorado, enquanto 27% sobre melhorias na segurança e limpeza do local. 20% dos entrevistados opinaram não precisar de nenhuma melhoria e apenas 7% desses opinam sobre ampliar a divulgação do Brique da Vila Belga

Foi identificado que as manifestações quanto ao reconhecimento da importância do local são divididas com aproximadamente 63% dos entrevistados estando entre o “apenas ouvir falar” e “conhecer” 

A Vila Belga conta com mais de 20 estabelecimentos comerciais 

Comércio local está mais colorido

Há 10 anos, o Museu do Azulejo faz parte da Vila Belga

No final da rua Manoel Ribas, está localizado o Museu do Azulejo. O empreendimento, não é difícil de se identificar, na entrada, vários azulejos coloridos e de flores dão boas-vindas aos visitantes, junto com a cachorra pretinha, companheira fiel do restaurador de móveis Jairo Nothen, 54 anos, sócio proprietário do Museu.

Ao fundo das estantes cheias de azulejos, de diversos tamanhos, cores, modelos, e até mesmo fora de fabricação, está a oficina de Jairo, local em que passa a maior parte do tempo. Além de atender os clientes, a verdadeira paixão do comerciante é restaurar, ou até mesmo, criar novos móveis. Por isso, o Museu não tem apenas azulejos e pisos, mas também os objetos que Jairo cria. Ao longo dos anos, a loja começou a vender artefatos antigos, como máquina de escrever, câmera ftográfica analógica e telefones com fio. Um lugar repleto para os amantes de raridades. Durante esses 10 anos do empreendimento, Jairo percebe um aumento do interesse do Poder Público na Vila Belga.– Tá crescendo devagarinho, agora que trouxeram mais investimento para cá. Estou achando interessante esse movimento de vir vários comércios, porque movimenta os outros comerciantes. E nós mais antigos, puxamos outras pessoas para colocarem os empreendimentos aqui.

O restaurador de móveis Jairo Nothen

Namoradeira na janela recepciona os clientes da Casa Floresta

Já na rua André Marques, em uma casa azul escuro, uma namoradeira, combinando com a cor da edificação, recebe os visitantes do ateliê Casa Floresta. A loja é localizada na residência da dona de casa Marisa Floresta, 84 anos, mas quem cuida são as filhas Márcia e Myrna Floresta, moradora da Vila Belga.

Cores é o que não falta no ateliê. Vários artistas da cidade expõem as obras na Casa Floresta. Tem artefatos para todos os públicos, desde réplicas das casas da Vila Belga, quadros, almofadas customizadas a móveis restaurados. A educadora especial e “arteira” Myrna comenta que a família também faz produtos para a loja e que todos tem uma veia bem artística. A Casa Floresta surgiu há 5 anos, com o objetivo de aumentar a renda de artistas locais.– Cada vez mais, as pessoas procuram os produtos. Com o Distrito Criativo e com os investimentos, esperamos que as pessoas consigam colocar seus negócios aqui, em um local tão importante, um patrimônio histórico da cidade. Precisamos continuar com esse trabalho e preservar a memória desse espaço. Ao longo desses anos, percebemos o aumento da procura de pessoas querendo colocar seus empreendimentos aqui. 

A educadora especial e artesã Myrna Floresta

Moda vintage é a marca do Brechó Broto Maroto

O brechó Broto Maroto, em uma das casas da Manoel Ribas, cor rosa salmão, é vizinho do Ateliê Origami e do Left Rock Bar. O charme do brechó é a pegada vintage que vai desde as peças de roupa até a decoração do local, com discos, molduras antigas, videogames e colagens de artistas como Belchior e Cássia Eller.

A dona do Broto Maroto, Marcela Kamphorst, 32 anos, começou, em 2013, na cidade natal, Bagé, de uma forma despretensiosa nesse mundo dos brechós. Em 2016, começou a expor no Brique e em 2017, teve a oportunidade de ser moradora da Vila Belga, onde desenvolveu a loja. Após um breve período que precisou retornar a Bagé, Marcela voltou para Santa Maria e alugou de novo a mesma casa, que já tinha sido seu lar, e está até hoje com o Broto, expandindo cada vez mais. Ela percebe que ao longo dos anos, muitas casas que estavam para alugar ou vender, atualmente, viraram empreendimentos.– Estão vindo muitos negócios e a parte cultural, além do Brique. Acredito que daqui alguns anos, aqui vai ser um polo cultural bem forte. E quando a pessoa vem na Vila Belga, ela conhece vários comércios, então um estabelecimento ajuda no crescimento do outro, temos muito essa parceria.

A dona da loja conta que as roupas selecionadas passam por uma curadoria para ter uma identidade própria. Além disso, ela vai começar um projeto novo, com a venda de livros também. Em um evento que fez no Brechó vendeu alguns livros seus e percebeu que fez o maior sucesso entre os clientes.

A dona do Broto Maroto, Marcela Kamphorst

Dentre algumas ações que já foram feitas na Vila Belga a partir do Distrito Criativo, estão a restauração da pavimentação de paralelepípedo, a instalação de 11 câmeras de monitoramento ligadas ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública de Santa Maria (Ciosp), a troca das lâmpadas por luminárias de LED e a implantação da drenagem pluvial, o que impede que os moradores tenham problemas nas ruas em dias de chuva

Um projeto de revitalização das áreas do Centro Histórico também deve ser lançado pela prefeitura. Já a estrutura do antigo Mercado Público será utilizada pela Secretaria da Educação e a Secretaria da Cultura do município

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